Tuesday, May 29, 2012

Fiação, parte I

CRIAR & TOSQUIAR  

até esta mecha de lã chegar à minha mão, há uma série de processos pelo meio: 
alguém que criou a ovelha, alguém que a tosquiou e, por fim, alguém que lavou a lã. 

o toque é gorduroso – ao que parece, quanto mais gorduroso, melhor.
o cheiro é a gado e este pedaçao ainda apresentava algumas impurezas. 
não tenho certeza que tenha sido muito bem lavada...


mecha de lã merino

a matéria-prima

os ingredientes necessários

CARDAR

o passo seguinte é cardar, ou seja, pentear a lã, de modo a que esta fique macia.
o processo é muito simples e consiste em movimentar as cardas em sentidos inversos: 
uma penteia, a outra solta.

parece fácil mas requer alguma prática ou força.
Curiosidade:  antigamente esta tarefa era executada pelos homens. 




























  







FIAR & DOBAR
depois de cardada, a lã está pronta para ser fiada.
neste processo é usado um fuso de suspensão ou uma roca manual, accionada a pedal, que agiliza o processo. Eu usei o fuso.


roca manual
roca manual

fuso de suspensão
ainda com as mãos, estica-se um pedaço de lã que se vai alongando com cuidado até ter um fio.
nesta fase, e na seguinte, é engraçado perceber a tensão e a resistência que a fibra tem.

depois prende-se o fio no gancho e começa a aventura.

o fuso deve rodar sempre num único sentido – normalmente no dos ponteiros do relógio. Repete-se o processo descrito em cima, ou seja, puxar e alongar cuidadosamente um pedaço de lã, até formar um fio torcido, que por sua vez vai sendo enrolado no fuso.

quando o fio parte (o que me aconteceu muitas vezes), basta juntar a outro pedaço, rodar o fuso, que ele começa a torcer. 

quando o fuso está cheio de fio basta desenrolar, no sentido contrário, e dobar a lã . 

temos novelos prontos para TRICOTAR OU TECER

mini-novelo

o meu fio ficou bastante irregular (ora muito fininho, quase a partir, ora muito grosso).
ainda não sei muito bem o que fazer com o mini-novelo, mas algo há-de acontecer.

não que estes processos sejam novidade para quem estudou têxteis, mas é muito bom recordar e, principalmente, é muito bom voltar a mexer na matéria-prima e poder transformá-la.

CML

4 comments:

  1. Opá que inveja. ando ha dois anos a pensar fazer isso. as fotos ainda me deram mais vontade. onde arranjaste isto a borleux?

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    1. foi no "Encontro de Alternativas" que aconteceu este fim de semana em Sintra. fiquei com o contacto da senhora - Fátima Gavinho.
      Ela tem um espaço/ateleier em Lisboa. Fiquei de lhe ligar para conhecer o espaço e o tear que ela lá tem. Em principio ela vai começar a dar workshops. quando cá estiveres fazemos-lhe uma visita.

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  2. uau! estava mesmo a pensar na A.A. enquanto lia o teu post...

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    1. e eu estava a pensar se alguma vez tinha passado por estes processos enquanto estudava textêis - penso que não, o que é uma pena. só montei teares.

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